quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Violet "inafundável" Jessop

A história de Violet Constance Jessop pode ser considerada uma história de muito azar ou de muita sorte, mas com certeza é uma história de sobrevivência. Ela sobreviveu a 3 grandes acidentes navais, sempre como tripulante, tendo inclusive sobrevivido ao naufrágio do Titanic.

Nascida em 02/10/1887 em Bahia Blanca, Argentina, ela era a mais jovem dos nove filhos de um casal de Irlandeses que havia emigrado para tentar mudar de vida criando gado. Com a morte do pai a família retornou ao Reino Unido e sua mãe empregou-se de bordo na Royal Mail Line. Quando sua mãe adoeceu Violet precisou trabalhar para ajudar no sustento da família e desistiu dos estudos. Seguindo os passos da mãe tornou-
se também uma hospedeira de bordo em navios, inicialmente na Royal e depois na White Star Line.

Em 1910, através da White Star Line, passou a trabalhar a bordo do RMS Olympic, na época o maior navio de passageiros do mundo. Em 20/09/1911, próximo da Ilha de Wight, o Olympic foi abalroado pelo cruzador HMS Hawke que. Os dois navios ficaram bastante avariados mas não naufragaram, conseguindo chegar ao porto de Southampton.

Em 10/04/1912, atendendo a sugestões de amigos, assumiu o posto de hospedeira no RMS Titanic, que fazia sua viagem inaugural. Na noite de 14/04/2012 o navio colidiu contra um iceberg. Violet foi enviada ao convés, onde os passageiros ainda estavam calmos por não saberem da real extensão dos danos ao navio. Quando começou o pânico entrou no bote número 16 para estimular as passageiras a entrarem e mostrar que era seguro. Em torno de oito horas depois de lançado o bote, Violet e os outros passageiros foram encontrados e resgatados pela tripulação do RMS Carpathia e levados para New York.

Quando começou a Primeira Guerra Mundial Violet juntou-se à Cruz Vermelha Britânica. Passou então à função de enfermeira de bordo no navio-hospital HMHS Britannic. Em 12/11/1916 o navio atingiu uma mina marinha no Mar Egeu. Nossa inafundável Violet conseguiu subir a bordo de um bote salva-vidas, mas o mesmo foi lançado prematuramente e acabou sendo sugado pelas hélices do navio. Ao saltar do bote Violet bateu a cabeça contra a quilha do navio e ficou inconsciente mas foi resgatada pelos ocupantes de um dos outros botes.

Nem 3 acidentes navais fizeram com que ela desistisse de sua profissão. É de se pensar que seus colegas talvez não ficassem muito confortáveis em tê-la na tripulação, mas com o fim da guerra continuou trabalhando em navios, retomou seu posto na White Star Line e depois voltou à Royal Mail Line.  Só veio a aposentar-se em 1950, já com 63 anos.

Faleceu em 05/05/1971, aos 83 anos, vítima de insuficiência cardíaca. Seria irônico se depois de toda sua trajetória derrotando a força implacável dos oceanos ela houvesse sido cremada e suas cinzas jogadas ao mar, e de fato isso não aconteceu, está sepultada no cemitério Hartest, em Suffolk, na Inglaterra.

Foi casada por pouco tempo em 1920 com um colega de tripulação, mas esse casamento foi tão breve e mal sucedido que sua família nunca soube o nome do marido. Não deixou descendentes. Seus restos mortais repousam ao lado dos de uma de suas irmãs e de seu cunhado.

Suas memórias viraram um livro chamado "Titanic Survivor", publicado em 1997. Uma versão em português da obra foi lançada em 1998 no Brasil.


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